Bom esse aí é o fusca que um dia recebi como presente de meu querido pai. "Vermelho cor de sangue", como ja foi dito. Frase que me dá um pouco de arrepio. Falo isso, não por supertição ou coisas do gênero. Apenas penso no passado mórbido desse amável besouro.
Uma vez, por imprudência, consegui tombar esse carro e a partir de então mudei minha conduta de motorista por completo. Aprendi com o fusca que o bom da vida é vê-la passando devagar, com todos os detalhes que ela nos dá.
Infelizmente alguns detalhes desgastam e machucam. É um fdp que entra correndo na contra mão e me acerta de cheio pela frente; é outro filho da mesma mãe que, de pura sacanagem, saí empurrando meu carro estacionado largando-o no meio da rua; é um senhorzinho, coitado, que bate na lateral uma semana depois da empurrada; são alguns pregos enfiados em seus pneus; e por fim...é um infeliz que me toma o carro e quebra ele inteiro, vidro por vidro, farol por farol, chuta minha porta, amassa as duas portas, rouba som, bateria rodas e algumas peças do motor.
A vontade foi de chorar. A vontade foi de matar. Melhor...matar não, torturar da forma mais cruel que se pode imaginar.
No meio disso tudo fico indignado com o mercado negro que funciona a luz do sol, tranquilamente, com o consentimento do comprador, do vendedor e da polícia. Amistosamente. Quer comprar? Se eu não tiver, faça a encomenda que eu manda um rapaz conseguir aí na rua de algum trouxa.
O pior é imaginar que por mais hilário que possa parecer, a gente trabalha pra pagar toda essa parafernalha. Pagamos a merda da polícia corrupta. Pagamos o "conforto e alimento" do gente fina que nos rouba. Pagamos a saúde para todos. E pagamos muito, mas muito mesmo, para os filhos de "mães que trabalham na horizontal" para que estes cuidem do estado ou cidade em que vivemos...
Putz me perdi na minha indignação.
Fato é que sou brasileiro. Discrente de como o mundo têm caminhado, mas sem desistir nunca.
Eis que o fusca está de novo na ativa. Ainda sequelado dos dias na UTI, mas de volta.
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